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A DOR DA SAUDADE


Guilherme Köhn

          Passa Quatro, é uma cidade situada no Sul de Minas Gerais, onde o clima sempre foi de uma temperatura mais baixa (mesmo no verão), propiciando assim a procura desta cidade por veranistas das regiões mais quentes, como por exemplo, do Rio de Janeiro.  Passa Quatro sempre foi uma cidade bonita e agradável para se viver.


          Estou usando uma linguagem voltada para um tempo passado, porque hoje me encontro ausente de Passa Quatro, onde passei toda a minha infância e adolescência.  Mas eu guardo muitas lembranças daquelas riquezas culturais e naturais, as quais dantes não sabia valorizar devidamente, pois afinal, tudo nos parecia tão natural...

          Foi preciso que eu tivesse outras experiências além do que eu próprio imaginava, em outra cidade, em outras estâncias, e assim pudesse adquirir uma bagagem de conhecimentos longe do meu rincão.  Mas agora, apesar de mais experiente, e de sentir saudades, já não tem sentido que eu volte a abraçar em definitivo, a minha cidade tão querida.  Não que seja impossível, mas a razão me impede de fazer isso.  

          Minha vida agora está ligada à muitas razões que, contrariadas, me causariam complicações maiores.  Não posso arrancar minhas raízes fixadas em uma nova vida que agora estou vivendo.  Todavia, posso continuar enaltecendo a minha bem aventurada Passa Quatro, e me sentir feliz pelos amigos que tenho, e que ainda vivem nessa bela e bucólica cidade.

          Posso continuar admirando os arredores de Passa Quatro, onde reina um clima de uma temperatura amena, propicia ao cultivo de uvas das mais diversas qualidades.  Aliás, já houve outrora, uma fabricação de vinho, do então pioneiro nesse ramo em Passa Quatro, o Sr. Afonso Lopes de Almeida.  (Esta é apenas uma lembrança histórica entre muitas outras, desta abençoada cidade mineira).  A propósito, a Indústria do Conhecimento Cultural de Passa Quatro, tem um acervo dessas copiosas lembranças.

          Eu sempre falo também, com muito orgulho, que Passa Quatro foi o meu berço cultural, onde desfrutei de excelentes professoras e professores, desde o Grupo Escolar Presidente Roosevelt, até o Ginásio São Miguel (meus colegas contemporâneos que o digam, e atestem o que estou dizendo).

          Mas, no limiar da minha juventude de sonhos, em 1967, motivos "imperiosos" me fizeram deixar Passa Quatro e me transferir para outra cidade, no caso, para Resende, cidade conhecida pela AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras).  Aqui em Resende, no prosseguimento dos meus estudos, também tive excelentes professores (todos militares), tanto na Escola de Comércio como na AEDB, Associação Educacional Dom Bosco.

          Mas, quase não conto estórias destes excelentes educandários,  porque meu coração estava sempre inclinado a uma tendência de comparar a dedicação desses mestres (além das pessoas), àquele anelo dentro de mim, e neste particular, meus valores de Passa Quatro estavam sempre em primeiro lugar. 

          Não estou dizendo que o quadro de docentes de Resende não eram dedicados, mas eles eram mais duros, por assim dizer, dureza talvez, proveniente de um treinamento militar.  Aqui, nestas disciplinas rígidas, funcionava da seguinte maneira:  ou você sabe ou não sabe.  Dureza.  Mas, eu bem que gostaria de ter ingressado em uma Escola preparatória militar, mas esse não foi o meu destino, por razões diversas.

          Bem, o meu saudosismo comparativo como eu estava dizendo, é uma questão de sensibilidade interior.  Quem sabe o que é isto, poderá me compreender.  |Outro aspecto muito importante que eu venero, foi a minha educação religiosa (desde o Catecismo da Igreja Matriz, depois no Grupo Escolar,  e no Ginásio São Miguel, colégio dirigido por padres da Congregação Belo Ramo).

          Isto não poderia ter sido em lugar melhor do que Passa Quatro, pelas condições oferecidas naquele tempo.  A Religião era uma disciplina curricular nas escolas.  Infelizmente, essa matéria que tanto ajudava em nossa formação espiritual, foi abolida posteriormente, pelas reformas impostas pelo Ministério da Educação. Passa Quatro foi assim, o meu berço religioso também, cujos ensinamentos ainda estão gravados na minha memória.  Não posso imaginar como teria sido minha vida se não os tivesse recebido.

          Tenho pois, muito a enaltecer por ter vivido uma parte da minha vida em Passa Quatro, onde deixei meus amigos, a boa vizinhança, meninos e meninas, companheirismo desde a infância, em que a gente não enxergava maldade, meus recantos pitorescos (fazendas e serras), enfim, valores que a dor da saudade me faz lembrar. Saudades de PASSA QUATRO.



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