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O JOÃO TEIMOSO


João Bobo

          O chamado João Bobo, ou também João Teimoso, é um brinquedo de criança (boneco), normalmente representado por uma figura humana.  E por mais que leve tombo insiste em continuar em pé.  É assim que funciona o brinquedinho, mas tem gente que age exatamente como tal. Vou contar essa estória.


          Eu tinha um amigo que se chamava João.  Mas ele era bobo demais.  Tão bobo que pensava que seus amigos é que eram bobos.  Mas o João também era algo contraditório.  Não sei se era "bipolar"ou "esquizofrênico".  Porque ora se apresentava como um perfeito "bobão", ora tinha momentos de lucidez. Nos seus momentos de lucidez, até fazia muita gente de bobo.

          Quem não conhecia bem o João, caia na us lábia, na sua falácia, no seu xaveco, na sua enrolação. (Ele também era tudo isso junto)  Mas depois, acabava se enrolando nas suas próprias enrolações (ou mentiras).  Não adianta, "Burro velho não recebe ensinamento".

          Mas até que essa qualidade do João (de bobão), está me servindo de alguma coisa.  Suas comédias, estão servindo de argumentos para minhas estórias.  Neste caso, vou falar só um pouquinho, das suas bobeiras, ou das suas imbecilidades. 

O TÍTULO DE CIDADÃO.
          Certa vez, o João ganhou um "Título de Cidadão", de uma determinada cidade.  Ele achou que aquilo era o máximo, "arrebentando a boca do balão"... Em qualquer oportunidade ele se auto apresentava: "Eu sou o João de tal, e tenho título de cidadão desta cidade" e. etc, etc...

          Para ir numa repartição pública qualquer, para resolver algum "probleminha", ele também se apresentava: "Eu sou o João de tal, e tenho o título de cidadão desta cidade"... e achava que por essa apresentação, deveria ser atendido com toda cerimônia que merecia.  As pessoas olhavam, não falavam nada, mas sacavam que estavam diante de um "João bobo".

          Certo dia, ele foi mais ousado: adentrou na Prefeitura dessa tal cidade que lhe dera o "título de cidadão", e foi falar com o Prefeito.  Não sei dizer qual era sua pretensão, mas certamente foi pleitear alguma coisa em benefício próprio, achando-se possuidor de uma grande honraria.

          Não sei dizer também como o Prefeito o recebeu, mas sei o que o João argumentou:  "Mas eu sou o João de tal, tenho o título de cidadão desta cidade e..."  Se deu mal o João. pois o Prefeito que não era bobo nem nada e ainda por cima meio "casca grossa", lhe respondeu:  - "Esse seu título não vale nada!" - NÃO? - Não, pode jogar fora . Isso não serve pra nada"

          Foi um balde de água fria no João.  E pelo jeito, também não conseguiu nada na Prefeitura. (O próprio João, num momento de descuido de sua parte, me contou que o Prefeito lhe dissera que o seu "título" não servia para nada).

O BEM RELACIONADO.
          O João conhecia tudo quanto era diretor ou presidente das Empresas Estatais, Multinacionais, Sociedades, etc.  Ele dizia que "conversava" com todos esses homens importantes, mas mesmo com esse seu "pseudo conhecimento", não conseguia sequer uma colocação para o seu próprio filho. 

          Essa bobeira do João funcionava assim: quando a gente conversava com ele sobre um assunto qualquer, relacionado a essas grandes empresas, primeiro o João ouvia atentamente a conversa.  Depois, tomava o assunto como sendo de seu domínio, ainda acrescentava, dando-se ares de grandeza: - "Eu conversei com o presidente dessa Companhia Estatal"... e coisa e tal...

          O João sempre agia dessa forma. Inúmeras vezes suportei suas falsetas. Ele sempre "conhecia" as figuras mais importantes . Só que o seu erro, era pensar que os outros (seus interlocutores), eram todos idiotas, que acreditavam nas suas falácias.  Engano seu.

          Na gíria, a gente diz assim "me engana que eu gosto".  Masa existe outro pensamento que diz o seguinte: "Aquilo que você é, grita tão alto que eu não consigo te ouvir".  Em outras palavras, este pensamento também pode-se dizer: "Você é tão bobo, que eu não consigo acreditar em você". 

          A minha avó já dizia: "todo João é bobo, todo Pedro é louco".  Naturalmente, que não vamos interpretar ao "pé da letra", essa frase da minha avó.  Eu tenho amigos com o nome de João que são muito inteligentes, e não têm nada de bobeiras.  Mas de um modo geral, minha avó tinha razão.

          Basta a gente observar; existem muitos indivíduos com esses nomes, que têm assim um "que"  de bobeira ou de loucura.  Mas isso não é de hoje.  O Dramaturgo, William Shakespeare, que viveu lá pelos anos de mil quinhentos e tal (não sei ao certo), escreveu: "Um homem inteligente pode transformar-se num João-bobo, quando não sabe valer-se de seus recursos naturais."

          É verdade, e estas são apenas uma das estórias do nosso João, que teimava em ser bobão. Até a próxima.

       

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