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FLORAMANTE GIGLIO


FLORAMANTE

          Floramante Giglio, é o meu amigo lá de Passa Quatro-MG.  Hoje ele está geograficamente distante, residindo em João Pessoa-PB.  E eu, estou aqui  em Resende-RJ.  Mas, ao mesmo tempo estamos bem próximos, e todos os dias nos cumprimentamos: bom dia, boa noite, bom domingo, bom fim de semana, etc.  Às vezes, até batemos um papinho rápido.


          Claro que isso é possível.  Hoje isso é muito natural, através do WhatsApp.  Só o que nos mata de saudade, são as jovens tardes de domingo, dos velhos tempos, velhos dias, como diz o Roberto Carlos em uma de suas músicas.

          De João Pessoa, o Floramante me manda fotos de Passa Quatro, me manda vídeos, notícias políticas, e outras "cositas más" (mui calientes).  Eu procuro retribuir com o material que disponho, desses arquivos eletrônicos.  Mas agora, com todo apreço que tenho por esse amigo, eu quero rememorar algumas coisas. Estórias daqueles bons tempos, da década de 60, lá em nossa cidade de Passa Quatro-Mg.

          Eu já contei numa de minhas postagens em outro Blog, sobre uma pequena traquinagem do Floramante, em plena sala de aula, lá no Ginásio São Miguel, em Passa Quatro-MG, onde nós estudávamos.  Era um colégio dirigido por padres.  Esse meu amigo e colega, um tanto rebelde como eu também fui (naquele tempo), certa vez, deixou o nosso professor de ciências furioso; nosso professor, no caso, era um padre chamado Francisco, mas que os alunos o chamavam de "Chico Mineiro". 

          Só para relembrar rapidamente, o Pe. Francisco pediu que os alunos colhessem alguns tipos de folhas de plantas, para classifica-las conforme a sua aula passada;  pois bem, o Floramante colheu uma enorme folha de bananeira, e trouxe para a sala de aula:  e o Padre, Chico Mineiro achou que aquilo era uma provocação;  essa folha de bananeira não se encaixava nos tipos de folhas conforme ele havia ensinado, daí a sua indignação.  Mas eu já contei essa estória bem detalhada (vejam na postagem"Ginásio São Miguel" em cronicasdeguilhermekohn.blogspot.com.br ).

          Vamos a outra lembrança... Lá em Passa Quatro, o meu tio, o Guilherme Alemão, como era conhecido, tinha uma oficina de pequenos reparos.  O portão de entrada da oficina era espaçoso, mas vivia fechado (nunca era aberto ao público).  Meu tio quase não trabalhava muito nessa oficina, tendo em vista que ele dava sinais de cansaço, depois de uma vida inteira de labutas.

          Por conta disso, o silêncio reinava dentro dessa oficina, e os casais de namorados aproveitavam essa quietude, e sentavam-se do lado de fora da oficina na soleira do portão.  Mas, certo dia, eu estava no interior da oficina procurando qualquer coisa, e ... "sem querer querendo",  ouvi um final de conversa entre um casal de namorados:  era o Floramante e a sua amada;  Ela dizia:  "nosso amor não é possível, Floramante... E ele:  "É possível sim..."  e coisa e tal, um blá blá blá que já não me lembro mais. 

          Eu só ouvi o finalzinho da conversa, pois logo eles saíram dali, e se foram não sei pra onde. Certa vez, trocando ideias com o Floramante, ele se lembrou desse fato, e me contou mais alguns pormenores desse namoro, ou seja, o nome da menina, das suas irmãs, sua família, mas isto não vem ao caso, não é objeto deste comentário, e tampouco seria uma "delação", conforme termo esse, tão desgastado de hoje em dia. 

          A minha intenção neste escólio, é antes de tudo uma tagarelice envolvendo o meu estimado amigo.  Coisas muito antigas perdem a sua data de validade, e são permissíveis para um comentário sem nenhum agravo.

          Mas vamos em frente, com mais algumas lembranças.  Naqueles tempos, quase apagados da nossa memória, lá em Passa Quatro, havia um costume que era curioso e sadio ao mesmo tempo.  Quase um paradigma:  os amigos se reuniam em grupos, que a gente chamava de "turminha".

          Havia a "turminha da Avenida", da qual eu fazia parte;  havia a "turminha da Feira";  a "turminha lá de cima", ou seja, de acordo com o local onde os moleques (no bom sentido), residiam, formavam-se os grupos (turminhas), e que estavam quase sempre juntos nas peripécias ou nas aventuras. 

          Eu era amigo do Floramante, já que estudávamos juntos no Ginásio São Miguel, mas eu não fazia parte do seu grupo, ou da sua "turminha".  E também não havia rivalidade entre as turmas;  era só uma questão de afinidades bairristas.  Era um tempo feliz;  não possuíamos qualquer aparato eletrônico desses que a gente conhece hoje (e nem sonhávamos com isso). 

          Prosseguindo com esta lembrança, certa vez no Ginásio São Miguel, nosso professor de História, o Pe. Domingos (vulgo Domingão), manifestou sua vontade de participar de uma "caçada de tatu", juntamente com o Floramante e sua turma.  Mas o Floramante advertiu: - olha padre, mas a minha turma é "da pesada", isto é, não fala nada que presta para um padre ouvir. 

          Mas o padre Domingos insistia e ponderava: - Oh não, mas sabendo que estou junto com você, eles vão se segurar (maneirar) o seu linguajar...  Bem, não sei dizer se essa caçada de tatu de fato se concretizou, juntamente com os amigos nada reverentes dessa turma do Floramante. Mas deixa pra lá.

          Agora, vamos entrar na máquina do tempo, e retornar à nossa realidade de hoje.  Ao que posso observar, o meu amigo Floramante está mais espiritualizado e mais tranquilo.  O ímpeto ardente daquela juventude ainda existe, porém muito mais abrandado, pelas experiências vividas ao redor de muitas paragens, que só ele saberia contar. 

          Mas penso que é justamente isso que nos faz sentir o sabor da vida, valorizar o lugar do nosso aconchego, da nossa terra querida, da nossa Pátria Mãe.  A cada dia da nossa vida aprendemos com nossos erros ou nossas vitórias.  Estamos todos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo. 

          Gosto mais desse meu amigo Floramante de hoje do que desse mesmo amigo Floramente de ontem.  Que Deus nos ilumine e nos abençoe!  
          Com apreço,
          Guilherme Köhn
JOÃO PESSOA



         

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