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NOEL DE CARVALHO


Prefeito de Resende

          Eu vou pintar um Quadro, usando apenas um pincel imaginário, e a tinta feita somente de palavras.  Serão apenas algumas pinceladas sobre Resende-RJ.  Não será nenhuma obra de arte abstrata, mas uma visão realista.  Mas, eu não poderia falar de Resende, sem ilustrar com uma figura este comentário; a figura de um homem chamado Noel de Carvalho; Prefeito, Político, Empreendedor.


          Venho acompanhando, ou melhor, assistindo o desenrolar da política resendense, desde a minha transferência para esta cidade em 1967.  Mais adiante, em 1976, se não me falha a memória, Noel de Carvalho se elegeu Prefeito de Resende, juntamente com seu vice, Oscar Sampaio. 

          Nessa época Resende era uma cidade, digamos, de pequeno porte; uma cidade carente de moradias, de industrias e de abastecimento de água.  Isto só para falar das carências mais importantes, pois faltava muito mais, e que eu nem saberia enumerar nesta breve avaliação. 

          Pois bem, Noel de Carvalho construiu uma cidade dentro de Resende; a Cidade Alegria (e resolveu o problema da carência de moradias); Noel de Carvalho triplicou o serviço de abastecimento de água (e até hoje, não há falta d'água na cidade);  canalizou para Resende, outros serviços Educacionais e de Saúde para propiciar e atrair a vinda de industrias multinacionais a se instalarem no município e gerar emprego (a própria população é testemunha dessa realidade).

          Em poucas palavras, Resende deu um salto progressista de 20 anos, só nessa gestão de 6 anos do Prefeito Noel de Carvalho.  Vale ressaltar, que a Prefeitura de Resende não dispunha de verbas ou dinheiro para todas essas obras e empreendimentos, mas o Noel de Carvalho era um político de verdade, dinâmico, sabia buscar e canalizar recursos de onde fosse preciso; através do governo federal ou estadual, através da Caixa Econômica ou de qualquer outra entidade.

          Até aqui, este quadro é apenas uma pequena introdução, pois o que eu gosto mesmo é de ser um Cronista Narrativo Descritivo, e contar estórias que ficam perdidas por aí, na poeira do tempo, e que talvez ninguém nunca soube, ou então já se esqueceu.  Vou contar, pois, uma estória.  Lembro-me que aconteceu no ano de 1982.  Foi assim:

          Nessa época mencionada (1982), o Governo Federal (de João Figueiredo), por razões que não cabem neste comentário, racionou o consumo de combustível.  Os Postos de gasolina estavam proibidos de funcionar aos sábados e domingos.  Era proibido estocar combustível (gasolina ou óleo diesel).

          Eu trabalhava numa Empresa de ônibus, a Viação Tupi, como era conhecida, e que operava no transporte de passageiros entre Resende x Itatiaia x Engenheiro Passos.  A Empresa também tinha que obedecer a um racionamento, isto é, havia uma cota de consumo de combustível permitida: só poderia retirar na refinaria uma quantidade "x" de combustível;  era tudo controlado. 

          Todavia, a cota de consumo que a Empresa Tupi (onde eu trabalhava) recebeu, era insuficiente, pois a Empresa também tinha seus controles, e sabia muito bem da sua necessidade econômica e o quanto consumia.  A Empresa enfrentava assim, um dilema.  O que fazer?  Diminuir horários, reduzir a frota para economizar combustível?  Isto iria prejudicar não só a Empresa, mas também aos usuários, que necessitavam locomover-se através do transporte interdistrital coletivo de passageiros.

          Diante desse problema, o dono da Empresa, Êneo Martini, foi falar com o Prefeito Noel de Carvalho, e expor a situação, afinal, as linhas eram municipais.  O Prefeito, muito atencioso e sensível ao problema, pediu que a Empresa fizesse então um requerimento dirigido à Prefeitura, e relatando detalhadamente a questão. 

          Pois bem, eu mesmo redigi esse requerimento.  Entregamos nossa petição "urgente" ao Secretário municipal, que na época era o Sr. Augusto Leivas.  O Secretário elaborou outro requerimento em nome da Prefeitura, encaminhando anexo a nossa petição. 

          Havia no Governo federal, um órgão controlador, denominado CRCC (Conselho de Racionamento do Consumo de Combustível).  Muito bem.  O que fez o Noel de Carvalho (Prefeito)? Munido dos documentos em questão, utilizou-se de uma viatura da Prefeitura, foi até o Rio de Janeiro, e de lá embarcou num avião com destino a Brasilia. Lá em Brasilia, ele brigou (no bom sentido da palavra), para resolver o problema da Empresa e do seu Município.  E logrou êxito. Regressou de Brasilia com a solução nas mãos, ou seja, com a cota de consumo revista e ajustada conforme a necessidade da Empresa. 

          Este fato, incomum, não pode deixar de ser registrado de alguma forma, para que não caia no esquecimento através do tempo que a tudo consome, e que sirva como exemplo de uma proficiência, competência e habilidade de um Prefeito para resolver problemas.  É por esse motivo que eu relato essa estória aqui neste Blog, pois como diz uma conhecida frase:  "Verba volant, scripta manent" (palavras o vento leva, mas a escrita permanece).

          Deixo uma pergunta no ar, e quem puder me responda:  qual prefeito, hoje em dia, teria essa disposição para resolver um problema semelhante?

          Agora, estamos em 2017.  Já se passou algum tempo, é verdade, uma geração nova aí está, que não conhece o passado de uma cidade, mas ainda assim existem muitas pessoas como eu, por exemplo, que me recordo de muitos acontecimentos dentro do terreno político de Resende. 

          Recentemente, houve novamente eleições municipais.  Mas desta vez, Noel de Carvalho, candidato, não logrou êxito na sua eleição para prefeito.  Por que será?  Acho que uma frase responde muito bem essa questão:  "Algumas palavras só existem no dicionário, reconhecimento, é uma delas". Esta, é a minha opinião.
Quadro de Resende


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