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CLARA KÖHN


Passa Quatro

Clara Köhn, de família alemã, nasceu em Uberaba-Mg, em 01/01/1908, e faleceu em Resende-Rj, em 17/05/2000.  Era filha de August Friedrich Wilhelm Köhn e Martha Binder Köhn.  Ela passou parte de sua vida em Passa Quatro-Mg.  Era a terceira indegrante de uma família de seis irmãos.


          Clara, era uma mulher muito inteligente.  Ela sabia costurar, bordar, fazer crochê, enfim trabalhos muito bonitos.  E aprendeu tudo sozinha.  Na sua época, não havia curso disso, ou curso daquilo.  Em matéria de costura, não era uma simples costureira, mas uma modista, ou seja, criava (inventava) modelos próprios, com muita criatividade. 

          Ela tinha capacidade para fazer as roupas e os vestidos mais complicados.  Certa vez, ela fez um vestido de noiva para uma moça chamada Beatriz Galvão, filha de Francisco Galvão Cesar, prefeito de Passa Quatro-Mg.  Um vestido complicadíssimo, com uma infinidade de botões minúsculos, cobertos com tecido do próprio vestido. Parece que levou cerca de um mês ou mais, para ficar pronto.  

          O corpete do vestido era todo trabalhado no próprio tecido, parecendo um bordado em alto relevo de colmeias brancas, trabalhadas à mão, pois não havia máquina para fazer aquele trabalho. Algo realmente muito bonito, que mereceu elogios na época.

          Clara Köhn, tinha freguesas que vinham de São Paulo e redondezas, parfa encomendar roupas. Em matéria de roupas, não havia mistério;  ela fazia vestidos, japonas, paletós, conjuntos, capotes, enfim, absolutamente tudo.

          Mas essa mulher, extraordinária na sua profissão, tinha uma falha:  ela não sabia valorizar-se profissionalmente.  Ela cobrava tudo muito barato, avaliando aquilo que as pessoas podiam pagar, e cedendo aos regateios (pechinchas) de preços.  Com isto, algumas pessoas abusavam da sua própria subestimação.  Uma lástima, diríamos. 

          Haviam pessoas maravilhosas como a Dª Clara, que nasceram , digamos, fora de época. Nos dias de hoje, se bem orientada, ela poderia ganhar muito dinheiro, criar uma grife própria, ganhar fama, enfim ... mas este fadário não lhe sorriu naquele tempo.  Por causa disso, ela passou a vida inteira trabalhando, costurando, ganhando pouco. 

          E tanto trabalhou, que no final ela se desgostou da profissão.  Ao final, já com uma idade avançada, ela já não tinha mais gosto para criar modas.  Fazia sim, alguma coisa, mas sem muito entusiasmo. Aposentou-se, ganhando uma miséria. 

          Ela falava muito nas suas primas da Alemanha, que não conhecia pessoalmente, mas sempre tinha notícias através de cartas.  Na sua época não havia computador, ou correio eletrônico. Dª Clara era fã de uma atriz e cantora chamada Marlene Dietrich, que era alemã, mas vivia nos Estados Unidos e também tinha saudades da sua terra natal, a Alemanha.

          Em sua homenagem portanto, segue uma estrofe de uma música de Marlene Dietrich:
ICH HAB'NOCH EINEN KOFFER IN BERLIN
Ich hab noch einen Koffer in Berlin
Eu ainda tenho uma mala em Berlim
Daswegen muß ich nächstens wieder hin
Por isso eu tenho que voltar para lá da próxima vez
Die Seligkeiten Vergangener Zeiten
As bem aventuranças dos tempos passados
Sie sind alle immer noch in diesen kleinen Koffer
Elas estão todas nesta pequena mala
Drin
Lá dentro.

          Nesta música, Marlene Dietrich usa uma linguagem figurativa, metafórica, para dizer que suas raízes e suas lembranças estavam lá na sua terra natal, Berlim. Vejam o Vídeo:


Um comentário:

  1. Admiro muito essas historias de pessoas antigas. Enriquece a alma, faz bem!

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CRÔNICAS KÖHN